Cyro Martins |
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Cyro Martins
Dia 8 de agosto, estaremos prestando homenagem necessária a Cyro Martins, expoente nosso da literatura brasileira. O livro de contos dele A entrevista (com edição em 1968, da Sulina) estará sendo lançado em reedição pela editora Movimento. A mesa analítica ocorrerá no Santander Cultural, sala Oeste, das 10h00 às 13h00. Apareçam por lá. Após esse encontro, a homenagem continuará, sob os auspícios do CELPCYRO, Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins.
Falamos a seguir um pouquito sobre Cyro Martins. Cyro Martins nasceu em 1908, em Quaraí, e faleceu em Porto Alegre, em 1995, portanto, há 20 anos. Foi contista, novelista, romancista, ensaísta, psiquiatra e psicanalista. Autor de extensa obra literária, ficou definitivamente conhecido e reconhecido pela construção da figura do gaúcho a pé. O gaúcho a pé é a transcrição literária do homem do campo abandonado à própria sorte. Os romances que delinearam essa figura são tecnicamente conhecidos como integrantes da trilogia do gaúcho a pé, título que lhe deu o editor, prof Carlos Appel, a partir de designação do autor. Constituem-na Sem rumo (1937), Porteira fechada (1944), Estrada nova (1954). Nesses títulos se podem perceber a coerência semântica dos substantivos dos três títulos (rumo, porteira, estrada) e a sequência histórico-narrativa observada pelo escritor. No primeiro, o homem está dessuleado, sem rumo, mais ou menos como o Blau Nunes de A salamanca do Jarau: “guasca [...] que só tinha de seu um cavalo gordo, o facão afiado e as estradas”. Blau é aquele que campeava o boi barroso difícil de laçar, simbólico do destino, ou seja, das condições a que tinha que se sujeitar. O gaúcho a pé, portanto, é herdeiro de Blau, mas sem o cavalo. Ou seja: o centauro sem corpo. No segundo, as possibilidades lhe são negadas, ou as porteiras não são abertas pra ele. No terceiro romance, abre-se alternativa, de cunho social. A estrada nova é a possibilidade político-social de vir a possuir o pedaço de terra de que precisa pra ser homem independente, com direito a moradia e vida própria e abandonar os caminhos. A obra romanesca de Cyro Martins se insere no que a história da literatura brasileira denomina romance de trinta e romance neorrealista brasileiro. A obra literária de Cyro Martins ombreia de igual pra igual com outras definitivas na literatura brasileira, oriundas principalmente do Nordeste. A produção romanesca que se chama assim foi dominante nos anos 30 e 40 do século 20. De fato, o romance de trinta começou em 1928, com A bagaceira do paraibano José Américo de Almeida, e se prolongou até 1954, com Estrada nova de Cyro Martins. Leio o final de Estrada nova: Quando viriam os homens dos quais ele falava com tanta crença? Aqueles homens que [...] pensavam na gente e que um dia viriam pela estrada nova, a galope, alvissareiros, cortando os campos verdes, acordando os pagos, anunciando uma fartura de verão chuvoso, enriquecendo de alegria o coração dos pobres! Texto lido na Rádio Gaúcha – Programa Galpão do Nativismo – Porto Alegre, 5/7/2015. Cicero Galeno Lopes.( Leia o texto do autor sobre Sem Rumo)
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