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Orgulho de ser psiquiatra - com Walmor Piccinini E-mail
X Jornada CELPCYRO sobre Saúde Mental

 

 

 

         Walmor Piccinini               Tenho orgulho de ser psiquiatra por inúmeras pessoas que pude ajudar a construir uma vida digna, a adquirirem a liberdade de gerir seus destinos. Por ter colaborado na formação de outros psiquiatras que estão trabalhando de forma digna e com muito amor pelos seus pacientes

 

 

Nascido em Encantado, criado em Bento Gonçalves na serra gaúcha, Walmor Piccinini, fez parte da primeira turma do Colégio Mestre Santa Bárbara de Bento Gonçalves. Aos 18 anos foi para Porto Alegre prestar vestibular na Faculdade de Medicina da UFRGS e desde esta época mora na capital gaúcha. Imaginava ser cirurgião, mas a necessidade de trabalhar o levou a ser atendente psiquiátrico na Clínica Pinel de Porto Alegre. “Descobri a psiquiatria através do contato diário com os pacientes e isso aconteceu há 53 anos.” Com a descoberta da psiquiatria veio o desejo de ser psiquiatra. O aprendizado como atendente o levou naturalmente para a Residência em Psiquiatria. Desde o início aprendeu a conviver e a ajudar os doentes. A clínica foi estruturada tendo como modelo a Clínica Menninger de Topeka, Kansas. Na época, 1960, tornou-se um centro de formação reconhecido nacionalmente. Já na Residência, tinha colegas de Pernambuco e São Paulo.

 

O título de Especialista em Psiquiatria foi obtido em exame pela Medicina da UFRGS. Mais adiante, tornou-se especialista em psiquiatria pela Associação Brasileira de Psiquiatria. De 1968 a 1977 foi professor titular de Psicopatologia no Curso de Psicologia da PUCRS. Após treinar psicólogas assistentes que pudessem substituí-lo solicitou desligamento. Já naquela época defendia a ideia que os psicólogos tinham que ter modelos próprios. Desde 1997 Walmor Piccinini é professor e supervisor de clínica psiquiátrica na Fundação Universitária Mário Martins de Porto Alegre. Entidade que forma Psiquiatras através de Curso e Residência.

 

Em 1995 acelerou a aposentadoria e foi para a Universidade de Michigan junto com a esposa que fez pós-doutorado em Endocrinologia. Na Universidade foi convidado a participar do programa de psiquiatria informática. Dessa experiência trouxe algumas ideias que pôs em prática. A primeira foi organizar o índice Bibliográfico Brasileiro de Psiquiatria que está online, www.biblioserver.com/walpicci, com mais de vinte mil referências bibliográficas. Com este banco de dados passou a escrever sobre história da psiquiatria, nesta área tem mais de 120 trabalhos publicados, vários capítulos de livros e participações em congressos. Na gestão do Professor Miguel Jorge e por indicação do Professor Josimar França assumiu a organização do site da ABP. Foi um trabalho que partiu da escolha e registro do nome abpbrasil.org.br e a publicação dos estatutos, regulamentos e a história da ABP. Quando os congressos passaram a ser feitos via site, a missão tornou-se excessiva para uma pessoa só continuar. O site foi profissionalizado e está aí para todos admirarem e participarem.

 

“Minha ligação com a ABP vem desde os trâmites para sua fundação. Assisti o primeiro Congresso da ABP em 1970 em São Paulo, fui delegado pela APRS no Congresso Mundial de Psiquiatria no Havaí.” Walmor Piccinini também foi membro do conselho fiscal da ABP na gestão Marcos Ferraz. Foi coordenador do Departamento de Informática e ajudou na fundação e foi coordenador do Departamento de História.

 

A grandeza territorial do Brasil, a intensa atividade psiquiátrica expressa em Simpósios, Jornadas e no Congresso da ABP exige muito da sua diretoria. A atual diretoria tem se revelado de um dinamismo excepcional que vai ser difícil encontrar quem possa manter este ritmo. As iniciativas na área política mostram uma diretoria protagonista e com penetração em áreas antes apenas imaginadas, afirma o psiquiatra.

 

Para ele, o grande desafio da profissão é propiciar atendimento de qualidade a todos os pacientes, os que dispõem de recursos e os menos abonados. “Quem consegue pagar seu tratamento recebe um tratamento adequado, os que dependem do sistema de saúde público, com exceção dos serviços universitários recebem um atendimento precário, desigual e desumano,” conclui.

 

Nos anos 70 o psiquiatra participou da equipe liderada pelo médico Carlos Gari Faria, que diminuiu o número de pacientes do Hospital Psiquiátrico São Pedro de 5.000 para 1.200. A redução de leitos foi feita de forma gradual. “As comunidades e serviços médicos do interior e da capital foram sendo treinadas para recolocar os pacientes com suas famílias, seguir o tratamento indicado e os resultados foram aparecendo. Infelizmente vimos funcionar outro modelo, tipicamente neoliberal proposto por governos que se dizem de esquerda com a posição de primeiro fechar leitos e depois ver como fica. Muitas mortes depois e com perseguições a psiquiatras do serviço público assistimos uma sucessão de erros no atendimento público.”

                                                                                                       ( publicado no site da ABP em 3 de maio de 2013