"Sob os jacarandás floridos da velha Praça da matriz de Porto Alegre, caminhava uma rapariga no seu uniforme de normalista. Teria quando muito treze anos, seu andar era uma dança, seu rosto uma fruta madura e seus olhos, que imaginei escuros, deviam estar sorvendo com avidez a graça luminosa e também adolescente daquela manhã de primavera.

De minha janela eu a contemplava com a sensação de estar ouvindo uma sonata matinal e ao mesmo tempo vendo uma pintura animada.

Eis um momento de beleza, refleti, uma rapariga que passa sob os jacarandás a pisar as flores roxas que juncam o chão. O céu é uma taça de porcelana azul. O vento cheira docemente a campo e flor. A luz da manhã se espreguiça sobre os telhados…"

Prefácio de Clarissa (1933), escrito para a edição da Obra completa (José Aguilar Editora), publicada em 1966.