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O Mundo em que Vivemos* - humanismo de hoje | Imprimir |  E-mail

Cyro Martins


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O humanismo de hoje, evidentemente, não é nem poderia ser igual ou parecido ao da Renascença, que se inspirou na Antiguidade grega. O dos nossos dias é um humanismo voltado para o futuro, que aspira abranger os mais variaods ramos do saber de molde a equilibrar os condicionamentos do meio com as idéias abstratas, e daí partir para uma saída através de fatos e circunstâncias inerentes à nossa cultura, entre eles o exercício prático da proteiforme tecnologia contemporânea. Por isso não julga uma ciência superior a outra, elas se completam. Entretanto nos incita a meditar sobre a circunstância de serem as nossas mais profundas e duradouras gratificações provenientes de fontes somáticas, intelectuais, morais e estéticas. Nós, estudiosos, como agentes do futuro, temos deveres e privilégios. Estes são prerrogativas de quem chega na frente. Os deveres se referem ao destino coletivo. O destino não se enfrenta de olhos fechados, submissos à fatalidade da tragédia grega. Cabe-nos nesta encruzilhada da conjuntura mundial, enfrentar a esfinge com um sistema objetivo de pensamento e ação, para que possamos planejar o futuro previsível. A primeira medida deverá consistir na renúncia das palavras pretensiosas que conduzem ao pseudoconhecimento conceitualizado, forma neutralizadora do contato direto com a realidade. A civilização ocidental, através de grandezas, acertos, erros e misérias, nos colocou às portas duma tomada de consciência humanística, que compreende uma conotação trágica e que deverá levar os homens mais esclarecidos a repensar o nosso entusiasmo pelos milagres da técnica, tão fabulosos e arrebatadores que obscureceram a suprema obra da natureza, a unidade mente-corpo, denominada homem.

Diante disso, o que fazer ? Aceitar o desafio da complexidade de problemas que assoberbam os povos, sem preconceitos ideológicos. Para essa obra, os pensadores, os construtores do futuro, como os físicos, necessitam de um mínimo de estabilidade constitucional de seus respectivos países. A nós, intelectuais e professores, de qualquer recanto do universo, compete sobretudo estimular a capacidade criadora dos jovensprevenindo-os contra o engodo da psudocultura, que apela pernosticamente para uma terminologia exdrúxula para esconder a ignorância. Devemos aontar aos jovens o que está ao alcance de suas possibilidades pessoais e de ambiente. Do contrário, iríamos apenas exacerbar sua angústia, provocando-lhes um opressivo sentimento de impotência.

O século XX, que se aproxima aceleradamente do fim, caracterizou-se, até aqui, por três processos explosivos: o do conhecimentos em todos os ramos do saber, o demográfico e o nuclear. De posse do primeiro, cabe à inteligência humana controlar os outros dois para construir um mundo mais racional.


* Excerto de O Mundo em que Vivemos. IN: O Mundo em que Vivemos .

Ensaios. Porto Alegre, Movimento,1998, p. 107-121.(2a. ed.).

Texto originalmente escrito para a Aula Inaugural  do Instituto de Física (UFRGS), em março de 1981.