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O Mundo em que Vivemos - Cyro Martins  E-mail
Estante do Autor - Ensaios

 

 

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O humanismo de hoje, evidentemente, não é nem poderia ser igual ou parecido ao da Renascença, que se inspirou na antigüidade grega. O humanismo de nossos dias é um humanismo voltado para o futuro, que aspira a abranger os mais variados ramos do saber, de molde a equilibrar os condicionamentos do meio com as idéias abstratas, e daí partir para uma saída através de fatos e circunstâncias inerentes à nossa cultura, entre eles o exercício prático da proteiforme tecnologia contemporânea. Por isso não julga uma ciência superior a outra, elas se completam. Entretanto, nos incita a meditar sobre a circunstância de serem as nossas mais profundas e duradouras gratificações provenientes de fontes somáticas, intelectuais, morais e estéticas.

Nós, estudiosos, como agentes do futuro, temos deveres e privilégios. Estes são prerrogativas de quem chega na frente. Os deveres se referem ao destino coletivo. O destino não se enfrenta de olhos fechados, submissos à fatalidade da tragédia grega. Cabe-nos nesta encruzilhada da conjuntura mundial, enfrentar a esfinge com um sistema objetivo de pensamento e ação, para que possamos planejar o futuro previsível. A primeira medida deverá consistir na renúncia das palavras pretensiosas que conduzem ao pseudoconhecimento conceitualizado, forma neutralizadora do contato direto com a realidade. A civilização ocidental, através das grandezas, acertos, erros e misérias, nos colocou às portas de uma tomada de consciência humanística, que compreende uma conotação trágica e que deverá levar os homens mais esclarecidos a repensar o nosso entusiasmo pelos milagres da técnica, tão fabulosos e arrebatadores que obscurecem a suprema obra da natureza, a unidade mente-corpo, denominada homem.

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O Mundo em que vivemos.
Porto Alegre, Movimento, 1983 (2ª ed. 1998).