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Sobre O Príncipe da Vila*  E-mail
Fortuna Crítica - Artigos

Luiz A. de Assis Brasil

 

A obra de Cyro Martins amplia-se com o tempo e novos textos ficcionais vêm enriquecer a biografia rio-grandense, onde as preocupações, apesar de nunca abandonarem o camponês e suas dificuldades, procuram um entendimento melhor do nosso passado recente, como em Sombras na correnteza, Gaúchos no obelisco e Na curva do arco-íris. Nestas obras está presente, quase como um fadário a ser cumprido, o ritual das revoluções. Revoluções que constituem a representação sangrenta de nossas contradições políticas, herança, talvez, de uma ancestralidade platina ainda forte entre nós, mas que guardam uma relação muito íntima com a eterna disputa entre os donos do poder, à margem da qual permanece a grande massa daqueles que têm outros objetivos, mais primários, a resolver; a subalimentação, a submoradia, a subvida. A disputa dos coronéis forma, entretanto, uma legião de apaniguados que outro caminho não têm senão o de terem um rótulo na testa: "sou gente do coronel fulano".

 

É a perda de identidade, a demissão da vida. A todos estes seres Cyro Martins dedica páginas da mais profunda compaixão humana e estende a todos sua solidariedade de homem e de escritor. Quem pensa, contudo, que nosso autor tem apenas preocupações sociais e políticas engana-se. Aí está a atestar esta novela exemplar sob todos os sentidos, O Príncipe da Vila, onde vemos uma indagação em profundidade da alma humana. O personagem Brandino é magistralmente dissecado, com finuras de quem conhece os meandros do espírito. Personalidade cambiante e ambígüa, Brandino é a exceção no meio do ambiente machista e conservador de sua pequena cidade e, de certo modo, é personagem único em nossa Literatura, tão seduzida pelas estereotipações. Epicentro de todas as angústias e depressões interioranas, Brandino atravessa incólume as maledicências e as suspeitas. É uma das figuras mais ricas da literatura brasileira.

 

* Texto publicado na 4a. ed. de O Príncipe da Vila.
Porto alegre, Movimento, 1992.

 

Luiz A. de Assis Brasil
é Escritor e Professor de Literatura (PUCRS)

 

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