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OLHARES SOBRE CYRO  E-mail
Cyro Martins 90 Anos - Eventos

                          

 

Clara Pechansky *

 

Ao evocar Cyro Martins, um sorriso contorna o pensamento. Cyro escrevia direto e simples como falava. E sabia, como poucos, tirar proveito dessa fluência: os textos foram escritos para transitar facilmente na memória do leitor, enriquecendo o repertório de quem teve o prazer de conviver com sua prosa. Aquele homem afável escondia, também, sob sua total simplicidade, um atento observador da alma humana. É que Cyro, com poucas palavras, mas com grande eloqüência literária, tanto era capaz de descrever os largos horizontes dos pampas descampados do Rio Grande quanto o mais profundo e secreto sentimento de uma personagem.

 

Os artistas que convidei para esta exposição são muito diversificados: alguns possuem uma obra já consolidada, outros estão apenas começando sua carreira profissional; as representações plásticas vão desde o abstrato até o figurativo, e as trajetórias poucas vezes se cruzaram. Todos, no entanto, possuem uma característica comum: ao colocar-se diante da obra de cada um deles, o observador é sempre compelido a parar e realizar uma segunda leitura. Por trás de linhas muito definidas ou manchas aparentemente sem rumo, vai-se encontrar o fio de um pensamento condutor, e será necessário penerar ainda mais fundo para estabelecer com o artista aquele laço que ata um conlúio irremediável entre a obra e quem a vê.

 

Este é o traço comum com Cyro Martins, que eu antevi ao convidar artistas com linguagens tão diferentes, para que pousassem seus olhares sobre a obra e o homem Cyro.

 

Pretendo que estes olhares não sirvam apenas para ilustrar as características externas das figuras que ele criou, mas sejam também o retrato, visto pelo avesso, de parte de sua obra literária.

* Clara Pechansky
artista plástica

Curadora da Exposição "Olhares sobre Cyro"

 



Alfredo Nicolaiewsky "Cyro Martins" acrílico sobre tela


Propus-me a fazer algo diferente de tudo o que já tinha feito antes. Resolvi fazer uma experiência, trabalhando com a maior tela que já fiz. O quadro mudou muito durante os três meses que tive para pintá-lo. Até que chegou à síntese da idéia de estampado e a de retrato. Mas não tinha segurança quanto à figura representada. Finalmente, acho que ficou com um astral bom. O quadro tem clima de tranqüilidade, de paz, que eu acho tem a ver com o Cyro.
Alfredo Nicolaiewsky



Mario Röhnelt 50cm x 140cm (em dois módulos) impressão sobre lona unílica


Fiz várias capas de livros para Cyro Martins, na década de 70. Então, eu já o conhecia. O que se impôs foi como solucionar o que eu conhecia da obra de Cyro, das preocupações dele, com um processo de linguagem que eu estava desenvolvendo - preto/branco, alto contraste e ambientes palacianos. Optei por imagens que para mim são uma discussão de valores, sobre riqueza, poder e seus ritos e sobre a pobreza, o desgaste. Duas telas impressas, que se contrastam: uma - Mais Mais - a metáfora do que se acumula, cresce, junta e se estabelece como poder; outra - Menos Menos - metáfora do que se perde, se desgata, decai e tende a desaparecer, em nós associado à pobreza. Normalmente, não uso a palavra, mas, neste caso, calhou da palavra surgiu junto com a imagem, talvéz por estar trabalhando sobre alguém que trabalha com a palavra.

Mario Röhnelt


Britto Velho 40cm x 30cm acrílico sobre tela


O quadro sintetiza a figura emblemática do homem do campo, da paisagem gaúcha, numa expressão direta, simples, árida até, propiciando uma visão diferente da usual, que é mais fantasiosa. Isso o aproxima da proposta de Cyro Martins, resultando também num trabalho com algo novo para o próprio arttista.

Carlos de Britto Velho


Bina Monteiro "Campanha" 152cm x 109cm acrílico sobre madeira


Chamou-me a atenção a temática, a linguagem do gaúcho da campanha, e a reflexão que Cyro Martins permanentemente desenvolve sobre tudo isso. Daí a figura que criei, pensativa, à qual se agregam, numa ciranda, coisas, céu, campo, animais. E meu trabalho com figuras em madeira recortadas, as quais posso dispor como quero - permite essa mobilidade no espaço.

Bina Monteiro


Miriam Tolpolar "Retrato Ausente" 120cm x 150cm acrílico sobre tela


Lendo sobre sua vida, seu pensamento, procurei pensar mais sobre o Cyro homem, o ser humano e decidi que iria fugir do meramente ilustrativo. Minha proposta foi trabalhar com a sensação, o sentimento, a falta, o vazio, a própria morte. Utilizei cores quentes e terrosas, que poderiam remeter à terra, e poucos elementos simbólicos que já venho utilizando há alguns anos em meu trabalho. A mão que escreve, afaga e aponta. O coraçào. A cadeira vazia. Esses elemtnos não precisam de explicação. Falam por si.

Miriam Tolpolar


Marilice Corona "Remington" acrílico sobre tela


É sempre muito perigoso fazer um trabalho tendo outro como referência. Pode-se ser apenas ilustrativo, redundante. Procurei juntas a proposta com algumas coisas que ando pensando, e a visão de Cyro Martins sobre o processo criativo foi o que me interessou como tema. A máquina de escrever era o instrumento de sua linguagem - pensei naquela forma de escrever como um espaço para a pintura, um espaço que pode serpercorrido, não com os dedos, mas com o corpo, na medida em que a gente se atira para o processo de criação. As teclas se transformam num espaço repetitivo, onde a figura pode repousar sem ser redundante, óbvia. Queria captar uma sensação de resistência do criador, de seus conflitos, do espaço que tem que percorrer e da vulnerabilidade da gente diante da vida.

Marilice Corona

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Marta  Loguercio

                                             Marta Loguércio. "Sem Título"  acrílico sobre tela 140cm x100cm

Depoimento da autora sobre a pintura apresentada na mostra comemorativa dos 90 anos de nascimento de Cyro Martins – Olhares sobre Cyro - , com curadoria da artista plástica Clara pechansky, em 1998 , no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli.


Elementos de cultura agropastoril usados como referência:

- As “marcas” do dono : matrizes em ferro utilizadas para marcar o couro dos animais ou fazer “picotes” nas suas orelhas.

- Jogo do Osso ( tava) / jogo de azar , até hoje proibido, mas largamente praticado na região Sul do Rio Grande do Sul.

O mesmo osso utilizado no jogo, retirado do joelho dos bovinos, é o touro

( herança ibero- mediterrânea? ) na brincadeira infantil do “gado de osso”, que simula todas as atividades de uma estância, também comumente praticada pelas crianças na região Sul do Rio Grande do Sul.

-Amarras, nós, tramas: forquilhas, moirões, cangas, fundas e outros objetos feitos em materiais como madeira, fibras vegetais e couro.

A literatura: “ (...) a visão do arco que a tava traçou no ar (...) enquanto a brecha da sorte virava para o céu e a ponta cortante para a frente (...) ”

/   pequeno extrato de Sem Rumo, justamente falando sobre o jogo de azar citado anteriormente.

Nele o personagem Chiru observa a tava sendo lançada e caindo ao chão com o lado da sorte virado para cima . Na pintura, as palavras deste trecho, transcritas, escritas e reescritas, em ordem e sentido diversos, não são apresentadas para serem lidas: a idéia é de representar uma espécie de texto “mágico e secreto” que , pela repetição exaustiva, “realize” o seu conteúdo, no caso a sorte almejada pelo jogador.

- Centralizando a composição, a representação das “marcas de ferro”: símbolo da propriedade sobre animais, coisas, gente (?)....

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Não tive preocupação com cor local, com “ representação”. Todos os elementos que utilizei como referencial foram “ trazidos ” para minha linguagem plástica: composição, cores, tratamento pictórico e gráfico.

É certo que as imagens criadas se referem a um mundo exterior à própria obra. Também lhes podem ser atribuídos diversos sentidos, segundo a vivência e a percepção de cada observador. Mas, o que eu gostaria também é que o espectador, além de supostos conteúdos, percebesse a obra no que ela tem de puramente “ sensorial e matérico” : a tela, sua textura, o pigmento da tinta, as cores, as luzes, a relação das formas entre si e tantos outros elementos que constituem esta sintaxe visual tão importante para o valor de uma obra e cuja escolha diferencia tanto as personalidaes artísticas quanto os possíveis “ temas” propostos.

Marta Loguercio

Porto Alegre, agosto 1998.

 

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Eduardo Haesbaert "Sem Rumo" óleo sobre tela


A temática da obra de Cyro Martins tem muito a ver com minha experiência de guri da fronteira. Escolhi a alpargata por ser representativa do ambiente da campanha . E se liga ao homem do campo, pobre, com o gaúcho andarilho, o gaúcho a pé.

Eduardo Haesbaert

 


 

 

Não tive preocupação com cor local. Todos os elementos que utilizei como referencial (as "marcas", jogo do osso, amaras, nós, tramas) foram trazidos para minha linguagem plástica: composição, cores, tratamento pictórico e gráfico. É certo que as imagens criadas se referem a um mundo exterior à própria obra. Também lhe podem ser atribuídos diversos sentidos, segundo a vivência e a percepção de cada observador. Mas o que eu gostaria também é que o espectaodr, além de supostos conteúdos, percebesse a obra no que ela tem de puramente sensorial e matérico, em sua total visualidade: a te-la, sua textura, o pigmento da tinta, as cores e as luzes, a relação das formas entre si e tantos outros elementos que constituem essa sintaxe visual importante para o valor de um trabalho, e cuja escolha diferencia tanto as personalidades artísticas quanto os possíveis temas propostos.

Marta Loguércio


Carlos Wladimirsky "O Príncipe" óleo sobre tela


Pesquiso em minha obra uma memória ancestral que se formaliza na criação de desenhos, jóias e pinturas. Investigo um tempo "atemporal"que se relaciona com signos e formas nascentes durante o processo de feitura. A história antropológica do homem pré-histórico e sua herança inconsciente é a bas dos conteúdos das imagens de meu trabalho.

Carlos Wladimirsky


Ubiratã Braga sem título técnica mista sobre tela


Gelson Radaelli sem título técnica mista sobre tela