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VII Jornada Cyro Martins sobre Saúde Mental | Imprimir |  E-mail

PRÉ-JORNADA : HUMANISMO MÉDICO
13 de agosto de 2010

                            

Maria Helena Martins


ABERTURA DA PRÉ-JORNADA

Agradeço e dou boas vindas a autoridades e seus representantes, membros de instituições parceiras, patrocinadores e apoiadores, palestrantes convidados, público participante, equipes da GWeventos e do CELPCYRO. Desejo que a VII Jornada Cyro Martins sobre Saúde Mental e, especialmente, esta nossa Pré-Jornada lhes propicie bons  momentos compartilhados e frutíferos. 

A VII JORNADA CYRO MARTINS SOBRE SAÚDE MENTAL, já pela sua configuração, indica um novo patamar nos eventos do CELPCYRO. Também significa nossa disposição para manter a seriedade e incrementar a qualidade nos trabalhos que realizamos desde o início da existência do Centro, fundado em  1997.  E é em

função disso que apresentamos nesta Pré-Jornada o tema Humanismo Médico.


A escolha desse tema se liga diretamente ao setor que instituímos no CELPCYRO, concretizando mais um importante propósito, dos tantos que norteiam  as nossas atividades,  a partir da obra de Cyro Martins. O caso do Humanismo, inclusive, é espécie de leitmotif que percorre seus escritos não-ficcionais e se configura

em toda a sua ficção, como um fio condutor, ora mais ora menos evidente.  

                           

O Humanismo Médico que Cyro Martins vivenciou e pelo qual se empenhou nada tem de livresco ou de aspirações neo-clássicas. É um Humanismo visionário, porque se projeta para o futuro; é terra a terra, porque tem  em mira o homem comum e vê a condição humana em suas misérias e grandezas. É comprometido com o próximo, como ele mesmo disse:  “sem nenhum messianismo, dentro das regras da ciência e da arte de curar. Ciência e arte, essas, em perpétuo devir”. Enfim, o trecho que segue é bastante significativo para sintetizar a visão do autor:

Mas em que consiste o humanismo médico contemporâneo? Consiste essencialmente no respeito que devemos à personalidade do paciente, seja ele previdenciário, conveniado, indigente ou particular e rico, adulto,adolescente ou criança. Essa consideração no trato já é, por si só, um remédio,o vínculo que singulariza o acontecer emocional entre a pessoa do paciente e a pessoa do médico. Esse é o remédio mais universal e mais eficiente. Se falhar, possivelmente todo o resto irá mal, principalmente se ponderarmos que todo o doente, não importa a natureza do seu mal, do corpo ou da alma, mais comumente psicossomática, quando chega na frente do médico se encontra num estado emocional regressivo. Basta atendê-lo como gente para robustecer-lhe o ego. Demais, com essa atitude, composta de tato e objetividade, nós o chamamos a brios, e para isso não usamos palavras. É algo próprio da linguagem pré-verbal, inerente à simples presença do médico. Quando o medicamento médico, de que fala Balint, é oferecido sob a forma paternalista, o facultativo está prestando um desserviço ao seu consulente, pois contribui para que piore a sua condição como pessoa. Assim, sem que se estabeleça a atmosfera de espontaneidade e intimidade para uma boa conduta, mais distante ele fica da possibilidade interna de assumir a sua doença, o que retardará fatalmente a marcha do tratamento. Precisamos, pois, estar alerta com vistas a certas tendências à identificação com o paciente. A melhor conduta será tratá-lo como capaz de colaborar, desde a primeira consulta, para não viciar o estilo da nossa assistência. Essa conduta poderá parecer dura, mas na verdade é uma mensagem-estímulo à recuperação da saúde.

[Cyro Martins. Caminhos - ensaios psicanalíticos. P. Alegre, Movimento/I.C.M, 1993. p.147.
(originalmente publicado como Introdução a Perspectivas da Relação Médico-Paciente). P. Alegre. Artes Médicas, 1979.]

 

Diante de tal proposição, o que nós, do CELPCYRO, pretendemos?


Sem dúvida, se quer realizar trabalhos que divulguem e ampliem essas idéias; que desenvolvam práticas culturais e profissionais, nesse rumo. Até porque os cursos regulares e o cotidiano do profissional de saúde não disponibilizam o tempo necessário para elas acontecerem de fato. Ademais, cresce a importância que as Humanidades Médicas  têm na formação e na prática. Sua abrangência se estende do fundamento teórico-metodológico à postura ética,  visando qualificar a comunicação com o paciente  para que possa ser um princípio integrado à práxis médica, envolvendo suas mais diversas especialidades e ramificações.

No âmbito de nossa área de Humanismo Médico, estão previstas palestras, colóquios, encontros, grupos operacionais. Pretende-se que perpasse todas essas atividades o propósito de formação continuada a partir de referenciais da atenção básica na saúde, envolvendo ampla gama de profissionais – de médicos a enfermeiros e atendentes, bem como divulgando sua importância para o público leigo, afinal, o interlocutor do diálogo que o Humanismo Médico apregoa.  A propósito,  com esse espírito, iniciamos no último  dia 11,  nossos ENCONTROS  SOBRE ARTE, CULTURA E SAÚDE, na Palavraria, que seguirão até novembro e  para os quais todos os presentes estão convidados. 

Para coordenar o setor de Humanismo Médico, convidamos a psiquiatra Betina Mariante Cardoso, que partilha conosco a visão humanística, desenvolvendo pesquisas, trabalhando com essa orientação e nos acompanha nesta Jornada. Assim, ambas – ela e eu – estamos colocando nossas experiências e estudo, ela, como psiquiatra, eu, como professora de literatura e leitura a serviço desse desafio. Aliás, a vida, a saúde resultam ser conquistas construídas na luta diária, como ensinava meu pai, isso implicando o enfrentamento de dificuldades e o cultivo do bom humor; com realismo esperançoso - sem ilusões, portanto. E é assim que temos procurado trabalhar nesses quase 14 anos de CELPCYRO.


Em 1978, Cyro Martins reuniu colegas de diversas especialidades  para escreverem o que seria uma das primeiras publicações em livro, no Brasil, sobre Perspectivas da Relação Médico-Paciente – esse o título. Hoje, trinta anos depois, solicitamos aos autores remanescentes que retomassem o tema e atualizassem-no, fazendo da nova edição o registro de um paralelo do que era essa relação e do que é atualmente.  O livro, agora em processo de editoração, certamente será um marco na história da práxis médica e o relacionamento com pacientes entre nós. Será também o primeiro referencial bibliográfico para nosso projeto HUMANIDADES MÉDICAS NA ATENÇÃO BÁSICA AO PACIENTE, que deverá ser iniciado no próximo ano.


Seguindo as características de projetos do CELPCYRO, esse também será itinerante e multidisciplinar. Á semelhança de seu patrono,  vamos ao encontro de quem venha a manifestar interesse por ele. Estamos  fundamentados numa postura profissional exigente, mas sem prescindir  de disponibilidade curiosa, simples e empática.

 

Ao organizarmos esta Pré-Jornada, a intenção foi de torná-la uma prévia do que deverá ser a temática geral do trabalho no projeto sobre Humanidades Médicas. Cada participante apresentará algo muito integrado ao seu cotidiano profissional e que – por isso mesmo – terá a marca de autenticidade indispensável para uma comunicação convincente e consistente.  Por isso, envaideço-me com nossos convidados e sou muito grata por estarem aqui, fortalecendo nossos propósitos.

           

Cyana Leahy-Dios, Betina M. Cardoso, Maria Helena Martins, Rogério Xavier


CONVIDADOS E SUAS APRESENTAÇÕES

 

1. Profa. Dra. CYANA LEAHY-DIOS - A Humana Arte da Palavra


PhD em Educação Literária/London University Institute of Education, Pesquisadora doutoral em Literatura Brasileira (USP), Mestra em Educação (UFF) e Graduada e Licenciada em Letras (UFF) onde é  Professora Adjunta. Autora bilíngue de 18 obras acadêmicas e literárias publicadas.

Estará autografando livros seus às 17h00, durante o Coffee-break

 

2. Profa. Dra. LÉA MASINA - Literatura e Medicina: Diálogos Possíveis

Doutora em Literatura Comparada pela UFRGS, Professora de Literatura e Crítica Literária (UFRGS). Bacharel em Direito e em Letras pela UFRGS, Mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS, Trabalha com escritores e editores, com construção, seleção e revisão de textos literários. Publicou inúmeros artigos e os livros publicou, dentre outras obras, “Percursos de Leitura” (IEL e Editora Movimento, 1994); “Alcides Maya, um Sátiro na terra de Currupira” (IEL e Editora Movimento, 1998), “Textos Críticos de Alcides Maya” (UFSM e Editora Movimento, 2004); “A leitura partilhada” (UFSM e Editora Movimento, 2005), ; e“Guia de Leitura: 100 autores que você precisa ler” ( Porto Alegre,  L&PM, 2007).    

 

3. Prof. Dr. ROGÉRIO GASTAL XAVIER - A Ostentação da Meia-ciência e o Humanismo

Graduado em Medicina, Mestre em Medicina (Pneumologia) e Doutor em Medicina: Ciências Médicas pela UFRGS. Atualmente é responsável pela endoscopia respiratória do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e Professor Associado da UFRGS. Membro da Academia Sul Brasileira de Letras, Além de trabalhos científicos, publicou o livro de poemas Maria dos Mares Lunares (Literalis, 2008)

 

4. Dra. BETINA MARIANTE CARDOSO - Clique Humanidades Médicas: Limites e Perspectivas no Terceiro Milênio

Médica Psiquiatra, Mestre em Psiquiatria pela UFRGS, com Especialização em Psicoterapia de Orientação Analítica e Especialização em Tratamento da Dor e Medicina Paliativa pela UFRGS. Diretora da Casa Editorial Luminara. Pesquisadora em Humanidades Médicas.Tem publicado artigos e ensaios científicos e é tradutora dos livros A Natureza do Amor e ...E Viveram ciumentos e Felizes para Sempre (2009) de Donatella Marazziti, psiquiatra italiana.