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Sobre o livro Campo Fora  E-mail
Fortuna Crítica - Artigos

Guilhermino Cesar

 

Cyro Martins, em sua estréia de 1934, com os contos regionais de Campo Fora, trouxe ao gênero uma perspectiva social que todos os seus críticos têm valorizado; e sob este ângulo é que, no futuro, será ainda lembrado, quando todas as "modas" de hoje estiverem esquecidas. Mas, a meu ver, há nele um traço que o singulariza entre seus companheiros, tão importante afinal, como sua temática: o modo de narrar.

E isso importa muito porque "o modo e o como", antes de qualquer outra consideração, sobrenadam sempre. Aliás, por essa linha é que se afere o mérito de um escritor. Que é feito da temática de Alencar? Onde ficou a denúncia de Lima Barreto? Onde se oculta, em que blocos de ideologia, o sertanismo de Bernardo Guimarães? Ora, meus caros, o que sobrou de todos eles é justamente o "modo e o como".

Acerca de nosso amigo Cyro Martins, homem que domina sua língua, dela fazendo um tecido harmonioso (não no sentido melódico, que isso está ultrapassado), quero dizer eficaz, enquanto representação da vida - tive ocasião de dizer em outro lugar, que ele é um mágico sutil, porque omite o espalhafatoso, o teatral. Escreve com a simplicidade que faltou a Alcides Maya. Contudo, ninguém mais representativo do que ele da linha "gauchesca".

Prova do que digo é o conto "Guri", obra da mocidade do autor, um quadro da vida campeira de recortes muito nítidos, de um nítido que constitui, em resumo, a marca dos escritores autênticos. Fugindo a qualquer demasia, o admirável escritor rio-grandense recria a vida sem pressa. É, portanto, um artesão consciente. Sua visão das coisas está longe da objetiva fotográfica; mergulha, ao contrário, no cerne psicológico, no complexo da alma humana. E assim como vê sem pressa, amorosamente, também escreve sem pressa, ao jeito dos prosadores natos. A prosa "estilhaçada" não é do seu feitio.

Para um escritor assim, integrado no clima do seu tempo, da sua gente e da linguagem coloquial típica de uma província singular do Brasil - como é o Rio Grande - a posteridade não será jamais uma palavra vã.

Artigo publicado na imprensa de Porto Alegre que passou a Prefácio.
In: Campo Fora. Porto Alegre, Movimento, 1991 (5ª ed)

 

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