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Ruas dos Dias que Voam E-mail
Fronteiras Culturais - Artigos

      foto antiga Rivera ou Livramento                                        

  Carlos Alberto Potoko*              

 

Por entre as casas das ruas Dos  Andradas e Rivadavia Corrêa eram apenas 100 passos que levavam os passeios ao outro lado da linha divisória. Hoje, de um céu pesado ou ensolarado, as ruas se entrelaçaram entre “ormigon” e asfalto que cortam as duas cidades feito um delicioso bolo de sujar dedos numa festa de compras e é no ritmo nas compras que se mede o progresso desta fronteira. Quem se lembra da Casa América ou das finas “telas” do Siñeriz, fundada pelo asturiano, José Siñeriz, em 1920, para, por essas ruas, sempre desfilarem produtos da mais fina originalidade?


Eram tempos em que  comerciantes experimentavam contar e pensar em quantas vezes passavam em frente de suas vitrines tão ilustres visitantes, cada qual com seu sonho de consumo, mesmo quando ainda não se sabia como tudo terminaria: se em lucro ou em prejuízo. Quando as luzes já anunciavam o final do dia, com os punhos dentro dos bolsos, em frente de suas casas, se pudessem perguntariam aos turistas: Quando o senhor voltará a nos visitar?... Conformavam-se pensando em como era fácil sonhar nos confins desta maravilhosa fronteira...

O maior símbolo da luta contra a rotina, que aqui passeou por muitos anos, foi a criança rebelde no peito desses teimosos comerciantes. Depois, já adolescentes, romperam com o medo e iniciaram uma luta contra o falso poder do grande mercado econômico, essa máfia intrusa do desemprego, que só acabou na sua própria morte. Foi assassinada pelos mafiosos deste próprio mercado, o do consumo. Aqui colocados sobre uma linha de trilhos para parecer suicídio, a locomotiva dos free shops os feriu, criando um novo mercado, o turismo de compras. E agora estão chegando os shoppings em comboio, um inaugurado agora e outro em andamento, para esmagar de vez o atraso econômico desta fronteira.

E assim, neste paralelo 31, os shoppings estão se erguendo do chão que nem erva daninha. Lembro-me do meu saudoso irmão, o inesquecível Miguel, que bradava profeticamente por um centro comercial “neste fim do mundo”, dizia ele. Penso que é uma pena ele não estar aqui para ver seu desejo realizado e a se enlambuzar desse bolo de sonhos com produtos fabricados por mãos de todo o mundo.

Com os shoppings, Rivera já não é mais o “pueblito Ceballos”, assim como nós, com o projeto de Free Shops do lado brasileiro aprovado, já não somos mais uma cidadezinha de fronteira. Juntos, somos um centro comercial do MERCOSUL, algo mais  do que um templo de consumo, como denominam alguns. Shopping, atualmente, é mais que consumo, é um Prozac para o humor de uma população, é o símbolo da fuga do roubo das ruas à nossa segurança. Ali se encontram amigos para um bate-papo sem se preocupar com o carro, por exemplo. Malandrinhos, flanelinhas, pedintes, etc. nos roubaram as ruas. No shopping, pelo menos, se pode caminhar descontraidamente sem consumir ou estar desconfiado, pode-se apenas caminhar à toa e até largar os filhos para esbaldarem-se de guloseimas em matinês, como deveria ser nas ruas. Por isso, estas mesmas “calles” de tão rica história, tendem a viver para sempre ruas de dias que voam, tempo presente com ventos vindo do passado.

 

  * Carlos Alberto Potoko é  poeta, cronista fronteiriço de Santana do Livramento,  pesquisador e

autor do livro digital 1823, sobre a história político-militar da fronteira pampeana.

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Clipping de A Platéia 

SIÑERIZ SHOPPING: UMA NOVA ERA NA FRONTEIRA

A inauguração do primeiro shopping de Rivera acontece às 9h desta sexta-feira ( 24 de agosto de 2012)

 

Sineriz-Shopping modelo 1

 

São 10 mil metros quadrados de área total e estacionamento para 700 carros

Um novo momento, que deverá incrementar ainda mais o turismo de compras, que cotidianamente atrai milhares de turistas brasileiros das mais diversas localidades à Fronteira. Assim pode ser definido o início das atividades, a partir das 9h desta sexta-feira, com a inauguração do primeiro shopping de Rivera e o maior free shop do Uruguai, o Siñeriz Shopping. Com investimento de cerca de US$ 16 milhões, o shopping contará com 12 lojas, tendo o Siñeriz Free Shop como âncora. Entre as opções do mix, estão uma unidade da rede de lanchonetes Burger King, três salas de cinema, supermercado, casa de câmbio e restaurantes. O local amplo e que impressiona pelas dimensões, 10 mil metros quadrados, deverá atrair um público ainda maior à Fronteira, que já se acostumou a receber cidadãos de várias partes do país, que vêm atrás de produtos de extrema qualidade e preços moderados. No local, as principais marcas do mercado poderão ser encontradas, em um espaço especialmente preparado para bem receber os clientes...