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Criações Internéticas - Resenhas de O namorado do papai ronca | Imprimir |  E-mail
ERA DIGITAL - eventos virtuais e reais

    capa livro Camillo

1. Escrita por Rafael Mussolini

 

- Meu pai não deixou porque ele disse que não é certo o que seu pai faz.

- Superfragilisticexpialidocius.

- Minha mãe não deixou porque é coisa do demo.

- Superfragilisticexpialidocius.

- Meu pai não deixou porque é coisa de louco.

- Superfragilisticexpialidocius.

- Minha mãe não deixou porque é coisa muito avançada, o que seu pai faz.

- Superfragilisticexpialidocius.

- Meu pai não deixou porque não fica bem o filho dele andar com o filho de um viado.

- Superfragilisticexpialidocius.

- Minhamãenãodeixouporqueelepode me pegar e colocarem um saco.

- Superfragilisticexpialidocius.

- Meu pai não deixou porque Deus não quer.

- Superfragilisticexpialidocius.

- Minha mãe não deixou porque Deus quer.

- Superfragilisticexpialidocius.

- Meu pai não deixou e pronto.

- Superfragilisticexpialidocius.

 

               O adolescente Dante é o herói dessa história, e como todo herói apresenta seus pontos fortes e fracos. Superfragilisticexpialidocius é uma “palavrinhamágica” utilizada pelo jovem em momentos em que precisa afugentar seus monstros. Não são poucos os momentos em que Dante se vê diante de problemas recorrentes a vida, ou simples mente maximizados por sua cabeça adolescente. É assim, no meio de um turbilhão de emoções que PlínioCamillo coloca suas personagens e o leitor ao abrir as páginas de O namorado do papai ronca. Primeiramente a gente abre por curiosidade, continua a leitura por conta do diálogo envolvente e em forma de roteiro, não larga o livro e passa a acompanhar a manhã, a tarde e a noite de Dante.

 

A publicação possui vários elementos que, acredito, fazem com que os jovens sintam-se atraídos. Todo o momento são apresentadas referências a livros, filmes, games, seriados e redes sociais do momento de forma fluida, ou seja, sem “forçação” de barra.

Dante precisa ir morar com seu pai e numa cidade pequena, onde também vivem outros parentes. Com um ritmo de vida acostumado à grande São Paulo, o jovem precisa adaptar-se à cidade de Procópio. Dante é louco por futebol e um jogador de talento, o que logo o faz se integrar as atividades esportivas da nova escola.A partir daí os clássicos dilemas adolescentes vão sendo tratados.Amizade, paquera, namoro, adaptação, relações familiares e escolares.

 

O personagem ainda se vê diante da realidade da homossexualidade. Passa a conviver com Ademar, o namorado de seu pai Heitor. Dante se dá bem com Ademar mas não suporta seu ronco e o vício em cigarro. Com uma perspicácia incrível o autor nos faz entrar na casa de Heitor e acompanhar o dia a dia de uma família, e aos poucos vamos percebendo que a orientação sexual em nada tem o poder de afastar um ser humano dos dilemas cotidianos e reais da vida. Em um momento em que tanto se discute sobre relações homoafetivas, casamento gay, homofobia, O namorado do papai ronca passa a ser uma ótima e inteligente opção para tratar do tema com nossas crianças e adolescentes.

 

Dante acompanha Heitor em uma caminhada pela fazenda.

— Você é gay, pai?

— Como?

— Quero saber se você é gay?

— O que é ser gay, filho?

— Pai! Estou perguntando e não quero responder!

— Filho, sou um homem que adora o filho que tem e que ama outro homem.

— Mas então, é gay!

— Não sei. Sou alguém que gosta do que é.

— Não é gay?

— Filho!

— É, ou não é?

— Sem entender o que você quer dizer não sei responder.

— Então tá: gay é aquele que anda rebolando, fala fino e faz coisas como se fosse uma mulher.

— Então eu não sou.

— E que também transa com homem.

— Então eu sou.

 

(Do site: “O Pedagogento – pedagogiasemfrufrus” http://opedagogento.blogspot.com.br/2012/08/o-namorado-do-papai-ronca.html )

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2. EScrita  por Sandra Abramo

O simples não é um resultado fácil, tratando-se da arte de escrever, aindamais em um tema que não tem nada de tranquilo.

Dante é um adolescente que parte da cidade de São Paulo para morar com o pai no interior paulista por pelo menos seis meses, tempo que sua mãe passará no exterior. E esse é um período em que Dante passa apertado de tantas que são as adaptações que terá que enfrentar: à nova escola, aos novos amigos, à nova cidade, à descoberta de novos sentimentos, à saudade da mãe e dos amigos que deixou.

Um dos segredos do livro O namorado do papai ronca é que o autor se utiliza de uma estrutura descomplicada: apresenta o cotidiano do adolescente Dante indicando os dias da semana, dividindo o dia em manhã, tarde e noite, o que provoca uma leitura rápida, rapidíssima, em pequenos blocos de puro diálogo. O narrador aparece em parágrafos curtos, na maioria das vezes para contextualizar a cena. A leitura de O namorado do papai ronca corre rápida. Mérito do autor que toca com sensibilidade em temas intensos e diversos da vida do menino-homem Dante.

E o ronco do namorado do pai incomoda cada dia menos, enquanto Dante descobre que o afeto, o carinho e o amor acontece em qualquer idade e com qualquer pessoa. E aí, é só viver

 [...]

Tarde

-- Você é gay, pai?

-- Como?

-- Quero saber se você é gay?

--O que é ser gay, filho?

-- Pai! Estouperguntando e nãoquero responder!

-- Filho, sou um homemqueadora o filhoque tem e queamaoutrohomem.

-- Masentão, é gay!

-- Nãosei. Soualguémquegosta do que é.

-- Não é gay?

-- Filho!

-- É, ou não é?

-- Sem entender o que você quer dizer não sei responder.

-- Então tá: gay é aquele que anda rebolando, fala  fino e fazcoisas como se fosse uma mulher.

-- Então eu não sou.

-- E que também transa com homem.

-- Então eu sou."

 

(Do site “Trecho Predileto Literatura”http://trechoprediletoliteratura.blogspot.com.br/2012/09/o-namorado-do-papai-ronca-de-plinio.html)

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3. Escrita por Maria Helena Martins

 

O autor harmoniza a linguagem internética (discurso conciso, terminologia e recursos gráficos próprios, privilégio ao diálogo) com a linguagem coloquial corrente. E, na integração desses aspectos constrói um texto efetivamente literário, pois trabalha a palavra de modo a ir além de seu uso comunicativo e cotidiano, buscando a expressividade, numa dimensão que supera modismos. Assim, o que é eminentemente coloquial, sem aspectos  que se convencionou entender por literários, resulta, contudo,  em texto elaborado, pois que o autor impregna-o de densidade significativa, por meio de figuras de linguagem como repetição/reiteração, enfatizando o aspecto emocional de quem a usa e para quem se dirige no contexto da obra.

 

Mais do que a questão vocabular, o uso de expressões coloquiais ou comuns na internet (cf. p.81, a mais marcante nesse aspecto), chama a atenção o modo como Camillo desenvolve o diálogo-relato, vivo e rápido mas suficientemente denso e sugestivo para se conhecer o perfil do protagonista e sua constelação familiar e de amigos, sua sensibilidade e processo de amadurecimento.

 

 O próprio conflito de Dante com a relação entre seu pai e Ademar, condensado na rejeição ao ronco e ao cigarro, assume valor secundário, diante das tantas premências existenciais as quais ele tem que testemunhar e mesmo vivenciar ( distância da mãe, doença e ameaça de morte entre familiares, descoberta de afetos amorosos e os anseios e dúvidas diante deles, relações mutantes entre colegas e amigos ...)   

Toda essa gama de situações Camillo trata com um toque de ironia e nunca lhe falta o senso de humor, outro traço que acresce o livro de dimensão humana, configurando sua coerência interna e,efetivamente, literária. 

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