No recôndito da polícia - |
Coluna CELPCYRO - Colunistas |
João Gomes Mariante - Psicanalista
Não constitui segredo para ninguém que as organizações policiais englobam um dos maiores contingentes de criminosos não assumidos, sob o abrigo da lei.
No seu antro, com os arapongas, como agentes infiltrados da ABIN, orientam e protegem a bandidagem do lado de fora. A conivência, o conchavo, a contravenção e outras práticas amplamente generalizadas dominam a conduta corrompida e perversa dos maus policiais.
Muitos assumem o ofício de estafetas, de pombos correio a serviço do bando interno, ao exterior. Seria crucial aceitar que existe dentro dos presídios um eficaz comando exercido pelos detentos mais notórios e que, de lá, emanam ordens para matar, sequestrar e cometer todas as formas de crime.
Tais espécimes transformam-se em paradigmas; tornam-se símbolos do arrojo e consubstanciam-se em modelos de coragem e valentia.
O estado maior do comando criminoso, radicado nos estabelecimentos de repressão ao crime, só persiste pela conivência com a venalidade policial.
A cada dia, a mídia nos informa sobre as atividades delinquentes e criminosas de policiais de todos os escalões, ora acentua a participação do agente num assalto, ora estampa fotos de autoridades mais altas cometendo crimes comuns.
Esses elementos são os perversos que se deleitam em executar o abominável processo da tortura, respaldados pela circunstancial ação da impunidade que, via de regra, os encobrem e os defendem.
O antro das polícias constitui um natural receptáculo das personalidades psicopáticas, que integram um apreciável contingente em seus quadros.
O psicopata é o louco lúcido que nas instituições policiais encontram a melhor forma de adaptação à sua índole patológica.
Como psicopatas, ingressam na corporação com o propósito pré-concebido de praticar delitos, sob a proteção da lei, e de contar ainda com as condições que lhe são favoráveis e justificar o crime como só ocorrendo nos casos de “legítima defesa”. Outros a ela recorrem com a intenção latente de se autopoliciar, se for capaz de realizar uma sublimação que transforme os instintos perversos em atividades úteis e livres de punição, direcionadas ao labor social.
Certamente, uma profilaxia, no sentido de restringir ou mesmo de vedar a admissão de tais candidatos, somente seria eficaz com a realização de um rigoroso exame psiquiátrico, para eliminar uma classe da maior periculosidade, responsável pelos incontáveis atos criminosos.
Porto Alegre, 31 de julho de 2013
Leia O Império do Crime , do autor
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