Cyana Leahy-Dios

Deve-se à Profa. Dra. Cyana Leahy-Dios a acolhida especial e a oportunidade de apresentação do projeto a professores, bibliotecários e agentes culturais de instituições em Niterói (RJ) - dia 05 de agosto de 2010, no Museu de Arte Contemporânea - abrindo-se, assim, outra frente de divulgação da obra de Cyro Martins. Transcrevemos a seguir cópia de texto que encaminhou para a Revista Digital Leitura Crítica.

O Projeto CYRO MARTINS VAI ÀS ESCOLAS promove leituras

dialógicas da obra do autor junto a professores, bibliotecários e agentes de leitura nos diversos municípios brasileiros, do sul ao norte do país,

construindo variados grupos leitores. Um Menino vai para o Colégio

relata peripécias na vida de um guri gaúcho, da infância à adolescência

passada no internato, levando-o a descobrir outro mundo. Amadurecendo emocional e intelectualmente, percebe o mundo e as pessoas no contexto

sócio-histórico-cultural do Rio Grande do Sul, no início do século XX.

Para Mª Helena MARTINS, Coordenadora do Projeto, ‘ler é caminho de

mão dupla na transformação do texto e do leitor’: ler e pensar são processos indissociáveis que compartilham a expressão nossa e do outro, revelando e trocando idéias e sentimentos. Portanto, ler a palavra e o mundo exige a conscientização de construções sociais, políticas, econômicas e culturais, revelando mistérios da imaginação e da educação, construindo saberes.

A leitura literária combina palavra, arte e sociedade de forma indissociável, permitindo o acesso amplo e extenso aos bens culturais da humanidade, em suas variadas formas de produção e consumo, na troca interativa de idéias, conhecimentos e experiências.

Um Menino vai para o Colégio integra a vasta obra literária e

acadêmica do escritor e médico psicanalista Cyro Martins (1908-1995). Trata-se de um relato dialógico de idéias e experiências reais, cuja

significativa contribuição cultural e científica possibilita entender anseios e realizações humanas. Para o autor, é preciso ‘gostar das palavras que comunicam calor de vida, que nos estimulam a folhear o livro que amanhece todos os dias’. A partir daí, foi criado o Projeto CYRO MARTINS VAI ÀS ESCOLAS, promovendo e apoiando projetos de leituras e construção

artística em âmbito nacional.

Convidada a trazer essa indispensável proposta aos agentes de leitura

pública de Niterói, Maria Helena MARTINS dialogou com museólogos,

docentes, bibliotecários e agentes de leitura da cidade, no Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC), no dia 05 de agosto de 2010. Além da

leitura da vida e da obra literária de Cyro MARTINS através de seus livros, foram projetados dois filmes produzidos por integrantes do Projeto CELP CYRO, cuja criação cultural inclui textos, filmes, peças teatrais, partituras, danças e pinturas.

A orientação dada ao entusiasmado público presente em formar grupos de leitura foi enviar ao CELPCYRO os dados referentes à proposta, para sua inclusão oficial no Projeto Cyro Martins Vai à Escola

(site www.celpcyro.org.br). São enviados exemplares gratuitos da obra

para todos os grupos, espalhados pelo Brasil. Após dois meses de formação,

o grupo deve enviar à Coordenação o relatório das atividades desenvolvidas sobre a leitura. Isso formaliza sua inserção oficial no Projeto, integrando o CENTRO DE ESTUDOS DE LITERATURA E PSICANÁLISE CYRO

MARTINS.

Merece referência a aproximação dialógica entre leitores nacionais e o vocabulário gauchesco característico da obra de Cyro MARTINS: a inclusão

de glossário permite a cada leitor incorporar a riqueza lexical nacional,

abrindo olhos e ouvidos ao coral polifônico, vivo e dissonante do nosso país,

em permanente e utópica transformação liberadora. Essa Palavra permite novas leituras, mergulhos, vôos, buscas, caminhos e direções. Parodiando o anúncio, isso não tem preço. Passemos a palavra final a Cyro Martins:

 ‘- É um escritor admirável!
Ora, bolas! – exclamo hoje, quase cinqüenta anos depois. Certamente

fiquei vermelho, porque senti uma súbita onda de calor. Cheguei a esboçar

um gesto para apalpar o rosto. Mas os cotovelos estavam rígidos.

Sentia-me anguloso, tremendamente desajeitado. Entretanto, algo me

impelia a dizer ou fazer qualquer coisa. Até quando iria me limitar

somente a ouvir?".

Capa da 9^a edição de Um menino vai para o Colégio feita especialmente,
pela CORAG, para doar a cada professor e cada aluno participantes

do projeto.

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Cyana Leahy-Dios é professora universitária (UFF e UGF), escritora bilíngüe,

tradutora, PhD pela Universidade de Londres, criou a Educação Literária (MEC 1997).