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Como está a grupoterapia nos dias de hoje?
David Zimerman*

De forma muito sintetizada pode-se afirmar que, na atualidade, a aplicação da Dinâmica de Grupos abrange um largo leque de utilizações, desde as dos “Grupos de Reflexão” em suas inúmeras modalidades (ensino, treinamento de profissionais, lideranças, etc., etc.) até a de múltiplas variedades de Grupos Terapêuticos, inclusive a Grupoterapia Psicanalítica.

Os grupos terapêuticos, não os de funcionamento estritamente psicanalítico, têm revelado um significativo desenvolvimento e uma progressiva demanda, como, por exemplo, a terapia de casal, a de família, grupos com psicóticos, egressos, grupos de auto-ajuda, com crescente aplicação na área da medicina.

Em relação à psicoterapia analítica de grupo propriamente dita, não se observa o mesmo crescimento que o descrito nos grupos anteriores. Pelo contrário, após o início de sua aplicação na década de 50, e o vigoroso florescimento na de 60, as décadas seguintes, até os dias atuais, têm sido marcadas por uma certa estagnação, fato que fato que se deve a múltiplos fatores, que não cabe esmiuçá-los aqui.

Ainda assim, a Psicoterapia Psicanalítica de Grupo (ou a “Grupoanálise”, como é denominada em Portugal) nos últimos 40, 50 anos, tem sofrido profundas transformações, na sua teoria, técnica e prática. Se, em épocas pioneiras, a interpretação do grupoterapeuta era dirigida ao “grupo como um todo”, hoje a ênfase consiste em dirigir a atividade interpretativa para os vínculos e configurações vinculares que se estabelecem entre todos. Também cabe destacar o importantíssimo problema dos transtornos da comunicação; os distintos papéis que cada um e todos do grupo representam; a projeção do grupo interior no mundo exterior; a compulsão à repetição dos enredos dos antigos traumas e outros fenômenos afins. Igualmente vale sublinhar que na atualidade a figura da pessoa real do grupo-terapeuta, indo muito além de seu

papel de pantalha transferencial e de sua função interpretativa, também funciona como sendo um novo modelo de identificação para os seus pacientes .

Em relação a este último aspecto, o melhor exemplo que me ocorre é o da figura de Cyro Martins, de modo que não posso deixar de homenagear ao saudoso mestre, pelo seu modelo de encarar os problemas com dignidade, seriedade, tranqüilidade, amor às verdades, crença nas capacidades dos outros, senso de humor, espírito de integração, solidariedade e de um contínuo despertar de esperanças e fé.

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