SIMPÓSIO INTERNACIONAL FRONTEIRAS CULTURAIS NO CONE SUL |
Fronteiras Culturais - Fronteiras Culturais em Livramento e Rivera | ||
Porto Alegre São Paulo
RELATÓRIO FINAL 1. ORIGENS E PROPÓSITOS DO EVENTO O Simpósio Internacional Fronteiras Culturais no Cone Sul corresponde ao feito em Berlim (2002), no evento Cultura Fronteriza: Brasil, Uruguay y Argentina, e dá continuidade ao intercâmbio de projetos do Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins (Porto Alegre) e da Cátedra de Brasilianística do Instituto de Estudos Latino-americanos da Universidade Livre de Berlim, agora reunidos, no Convênio PROBRAL (CAPES/Brasil e DAAD/Alemanha), a outros projetos inter-relacionados. Num tempo em que aumenta a necessidade de valorizar o patrimônio cultural do Cone Sul, para seu reconhecimento entre nós, na América em geral e no resto do mundo, este evento traz pesquisadores de várias nacionalidades para expor peculiaridades da região e sua diversidade, vistas em seus aspectos literários , históricos , artísticos, lingüísticos , antropológicos, educacionais, sociais, agroindustriais, midiáticos. Entre outros objetivos, evidencia-se a intenção de contribuir para informar parcela do público leigo e incentivar a realização de trabalhos de pesquisa e de ações culturais que propiciem desenvolvimento para a região.
2. PÚBLICO-ALVO
PROGRAMAÇÃO em PORTO ALEGRE Local: Casa de Cultura Mario Quintana – Rua dos Andradas, 736 - Centro 04 nov – 5ª f.
8h00
8h30 – 9h00
10h00-12h30
TARDE - Teatro Bruno Kiefer
15h00 – 17h00
17h30 – 18h30
18h00 – 19h15
05 nov- 6ª f.
8h30- 10h00
10h00 – 12h15
TARDE - Teatro Bruno Kiefer
15h00 –16h30
16h30 - 17h30
18h00 - 19h00
PROGRAMAÇÃO em SÃO PAULO 11 nov – 5ª f.
15h00 –17h15
17h30 – 18h30
19h00 Recital de piano comentado Lançamento: CD pamPiano - A Música Erudita dos Pampas
4. REALIZAÇÃO - Quanto à organização e ao desenvolvimento – circunstância Embora o evento estivesse planejado há quase dois anos, com caráter mais amplo e com maior duração, a obtenção de patrocínio a menos de um mês de sua realização determinou alterações em sua estrutura e seu desenvolvimento, resultando na Programação apresentada aqui. Isso provocou inevitáveis problemas de organização interna1. Mas a certeza do patrocínio aprovado pela PETROBRAS, as instituições parceiras e os apoiadores nos deram respaldo de infra-estrutura, possibilitando fazer impressos, confirmar a participação dos convidados mais importantes , enquanto se garantia a coerência dos trabalhos com o tema central – Fronteiras Culturais no Cone Sul -, o que consideramos uma conquista e tanto. A esse aspecto somou-se a disponibilidade de todos em compartilhar seus conhecimentos, sua satisfação em (re)encontrar colegas, dialogar com pesquisadores de outras áreas e de vários níveis, tendo um referencial comum, num clima de interesse mútuo. Isso se constatou tanto em Porto Alegre quanto em São Paulo.
- Quanto aos convidados, trabalhos apresentados e temário proposto – interação Apesar de pouco tempo entre a confirmação dos convites e as datas marcadas, tivemos a presença da grande maioria dos convidados: 24 do Brasil e 08 do exterior.2 Prestigiaram-nos, em Porto Alegre, personalidades representativas da intelectualidade e de instituições públicas e privadas locais, além de representante da UNESCO para o Mercosul, Esp. Manuel Bernales Alvarado. A seriedade e qualidade dos trabalhos apresentados atestaram o alto grau de especialização dos convidados pesquisadores-doutores, como de pós-graduandos e mediadores voluntários de projetos empíricos. Quanto aos primeiros, principalmente, foi significativo o fato de levarem em conta ser o evento aberto ao público, expressando-se em linguagens verbais e não verbais acessíveis sem diminuir a profundidade de suas comunicações; quanto aos outros, comunicarem suas experiências sem se sentirem apequenados diante de acadêmicos.
Ademais, a interação das diferentes abordagens e as diversas áreas de conhecimento e de manifestações artísticas envolvidas permitiram um aproveitamento maior para especialistas e leigos. O temário contextualizado no Cone Sul provocou desde estranhamento a empatia; despertou curiosidade e revelou aspectos insuspeitados, seja do ponto de vista literário, histórico, social, antropológico, de comunicação, educacional, sempre evidenciando o perfil humano das comunidades e dos tópicos específicos abordados. Também ficou sublinhada a importância do intercâmbio senão a complementaridade da pesquisa acadêmica e do trabalho de campo, assinalando caminhos frutíferos para investigar e conhecer esse contexto para poder contribuir significativamente para seu desenvolvimento. Sobre isso tratou-se especialmente na Reunião de Pesquisadores, onde também se discutiram formas de elaborar projetos conjuntos e/ou interligados e relações com agências financiadoras. 3 (Cf. ANEXO 1: Participantes e súmulas de comunicações).
- Quanto ao público presente e sua avaliação – recepção Ainda que o curto prazo tenha comprometido a divulgação ampla do evento, tivemos um público “constante” de cerca de 60 pessoas nos dois dias de Porto Alegre. Observe-se que a variedade de atividades e de áreas de conhecimento em pauta, ocupando dois dias completos, tenderiam a produzir um público flutuante, mas isso ocorreu em menor número que o esperado. Um público que se constituiu de jovens e adultos. Heterogêneo, composto principalmente por sul-rio-grandenses, mineiros, uruguaios, argentinos e alemães ou seus descendentes; estudantes de pós-graduação, formadores de opinião, profissionais liberais – todos mostrando ótima receptividade e com potencial multiplicador de informação. Muito atenta e participante, fazendo perguntas e comentários pertinentes, a platéia persistiu mesmo quando algum palestrante se alongava pelo horário de intervalo. Isso também se observou em São Paulo. Infelizmente, no dia 11 de novembro, essa cidade foi abalada por intenso temporal, inclusive havendo corte de energia na região e na hora em que se realizava o evento. Mas, apesar da intempérie e de iniciarmos com cerca de 20 pessoas na platéia, ao final da única tarde de atividades chegamos a 68 pessoas, que aplaudiram entusiasticamente o recital de piano de Olinda Allessandrini.
Um dos propósitos ao realizamos esse evento era lançar o livro Pampa e Cultura : de Fierro a Netto, coletânea de ensaios e amostra de imagens do Arquivo Losada, apresentados no evento que precedeu ao de agora, em Berlim (2002) – Cultura Fronteriza: Brasil, Uruguay y Argentina.4 Infelizmente, impedimentos de caráter técnico levaram a adiar o seu lançamento para o próximo dia 15 de dezembro. Mas, para amenizar a frustração dos que esperavam ver a publicação já durante o Simpósio, colocamos nas pastas um convite com o Sumário do livro, o qual aumentou a expectativa do público, fazendo vários dos presentes “encomendarem” exemplares.
Os questionários de avaliação, nas duas cidades, registram o evento como preenchendo ou superando expectativas. Elogiaram a qualidade dos trabalhos e a disponibilidades dos participantes convidados, salientando a importância da escolha temática do evento. Mas também criticaram contratempos, como o ocorrido em Porto Alegre, quando o início do recital de Olinda Allessandrini aconteceu antes do término da apresentação de Luciana Hartmann, perturbando a participação integral num ou noutra.
- Quanto à divulgação e clipagem - Posters, cartazes e folders foram distribuídos em lugares estratégicos: campos universitários, centros culturais, instituições de ensino públicas e particulares, clubes, livrarias, bibliotecas, cinemas. Também se encaminhou release para a mídia, enviaram-se mensagens por e-mail e folders por correio postal.5 Alguns convidados foram entrevistados por jornais e rádios. E o fato de o evento em Porto Alegre estar ligado à 50a. Feira do Livro e se realizar junto a ela, também contribuiu para maior divulgação. Assim, mesmo com inúmeras atividades na Praça e arredores (palestras, cursos, oficinas, centenas de autógrafos e inúmeras outras atrações), o evento atraiu público e chamou a atenção da mídia.
5. AVALIAÇÃO FINAL Ao realizarmos mais esses eventos, reitera-se a importância de se exporem os projetos em processo e os já concluídos. Superando o circunstancial, esses são momentos de avaliação, levantamento de questões e apresentação de dúvidas, também de novas perspectivas possíveis. Talvez de outros rumos para trabalhos em andamento e de outras interpretações para experiências já realizadas. Sempre se sai ganhando: quem apresenta e quem assiste às apresentações. E patrocinadores, apoiadores e parceiros percebem que sua participação vai muito além de viabilizar a realização de um evento que acontece e desaparece, mas trata-se de se integrarem a um acontecimento, uma “acontecência”, diria Guimarães Rosa, na dinâmica de um processo que perdura no tempo e ultrapassa os limites espaciais de sua realização. Também amadurece a convicção, neste Fronteiras Culturais no Cone Sul, do que já vínhamos constatando desde 2000, quando iniciamos o projeto Fronteiras Culturais (Brasil – Uruguai – Argentina): a necessidade e urgência de (re)pensarmos nossa realidade sul-americana e o papel do Brasil nessa tarefa. Temos 15 mil km de fronteiras com 10 países: há que conhecermos e preservarmos as riquezas culturais ainda inexploradas pelas populações fronteiriças, subestimadas por grande parte das populações distantes das linhas divisórias e muito ignoradas pelos governos centrais dos países do Cone Sul – mas sempre exploradas pelos vendilhões de patrimônios. Além dessas fronteiras – que a nosso ver indicam menos limites e mais possibilidades de desenvolvimento para todos -, tem-se que considerar quanto a interação, pela reflexão e/ou pela fruição de diferentes áreas de conhecimento e de múltiplas formas de expressão humanas é imprescindível para o desenvolvimento individual e coletivo – não porque elimine fronteiras, mas porque permite que elas se iluminem mutuamente. (Cf. ANEXO II - Avaliação da Comissão Organizadora).
6. DECORRÊNCIAS Durante a realização do evento e logo após, reuniram-se pesquisadores que vêm trabalhando em projetos interligados sobre Fronteiras Culturais e Cultura Fronteiriça. Em continuidade ao Simpósio ora encerrado, o Prof. Dr. Flávio Aguiar, Diretor do Centro Ángel Rama (USP) propôs a realização, em outubro de 2005, de Simpósio Internacional Fronteiras Culturais, espaço urbano e outras fronteiras, tendo como referencial a cidade de São Paulo. A Profa. Dra.Ligia Chiappini, fortaleceu os vínculos do projeto PROBRAL (DAAD/CAPES) – Brasil-Alemanha sobre Cultura fronteiriça na Comarca Pampeana: obras exemplares, (Brasilianístik -LAI-Fu Berlin) organizando a agenda de intercâmbios Brasil-Alemanha de professores e pós-graduandos , para 2005-2006, bem como deu continuidade ao planejamento de excursão de estudantes alemães pela fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e a Argentina, bem como pelas Missões, no Paraguai (aqui, ligando-se a projeto das Profas. Dras. Sandra Jatahy Pesavento e Susana Bleil de Souza).
Possivelmente no intercâmbio desses estudantes com outros da fronteira com o Uruguai se desenvolva um trabalho de leituras contrastivas, tendo como referencial a recepção pelos dois grupos de estudantes de textos do escritor Cyro Martins, em realização pelo projeto Fronteiras Culturais em Livramento e Rivera, coordenado pela Profa. Dra. Maria Helena Martins.(CELP Cyro Martins). Esta, por seu turno, prepara ampliação do referido projeto para as cidades fronteiriças de Quaraí (BR) e Artigas (UY). Está prevista ainda, na continuidade do intercâmbio com a Alemanha, a participação das professoras pesquisadoras Maria Helena Martins e Sandra Nitrini (Profa. Dra., coordenadora do projeto PROBRAL, na USP), no Encontro Internacional dos Latino-americanistas Alemães (ADLAF), a ser realizado em novembro de 2005, em Weingarten, Alemanha.
A presença de pesquisadores da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, tendo à frente o Prof. Dr. Tito Machado de Oliveira, que estudam as fronteiras desse estado com o Paraguai e a Bolívia, fortalece e amplia intercâmbio de seus projetos com o projeto sobre Mídia na Fronteira, coordenado pela Profa. Dra. Karla Maria Müller, na UFRGS, por cuja iniciativa ampliamos a abrangência de áreas de conhecimento e de limites geopolíticos abordados em nosso evento. Iniciam-se sondagens com o Especialista Dr. Manuel Bernales de Alvarado, representante da UNESCO para Ciências Sociais e Humanas na América Latina e com a pesquisadora Silvana Marin, também da UNESCO, com vistas a possível interação de projetos do CELP Cyro Martins e do PROBRAL com Programas da UNESCO. Aliás, a repercussão da presença deles em nosso Simpósio já se fez notar, através de manifestação do Sr. Jorge Grandi, Diretor do Escritório da UNESCO em Montevideu.
Finalmente, já se dá por iniciada a tarefa de publicar livro com trabalhos apresentados no Simpósio Internacional Fronteiras Culturais no Cone Sul.
Confraternização no final do evento em São Paulo
AGRADECIMENTOS
Links Relacionados:
Notas 1 Pouquíssimo tempo para elaborar material impresso, divulgar na mídia e em instituições culturais e universitárias, distribuir/postar folders e cartazes 2 Compareceram, em Porto Alegre, Helga Dressel, Ute Hermanns, Ligia Chiappini (Alemanha); Élida Lois (Argentina); Manuel Bernales Alvarado, Pablo Rocca, Andrea Quadrelli, Silvana Marin (Uruguai); Tito M. de Oliveira e cinco alunos de pós-graduação (Mato Grosso do Sul); Sandra Nitrini, Flávio Aguiar, Eoná Moro, Anita Moraes (São Paulo); Luciana Hartmann (Rio de Janeiro); Nadja Boelter da Rosa, Carlos Alberto Correa (Livramento-RS); Antônio Hohlfeldt, Sandra Pesavento, Susana Bleil de Souza, Ruben Oliven, Rosana Pinheiro Machado, Léa Masina, Karla Maria Müller, Patrícia Lessa Flores da Cunha, Inês Marocco e cinco alunos, Olinda Allessandrini, Donaldo Schüller, Sérgio Napp, Reinhard Sauer, Sara Viola Rodrigues, Aymara Celia, Maria Helena Martins (Porto Alegre). Em São Paulo, estiveram participando Helga Dressel, Ute Hermanns, Ligia Chiappini, Flávio Aguiar, Sandra Nitrini, Léa Masina, Karla Maria Müller, Aymara Celia, Maria Helena Martins. 3 Cabe registrar a presença, em Porto Alegre, do Sr. Francisco Bernardes Braga, representando a REFAP/PETROBRAS, bem como do Sr. Diego Christiano Pila, representando a PETROBRAS, em São Paulo. Este, aliás, trouxe importante contribuição ao apresentar informações sobre o Programa Petrobras Cultural (2004-2005). Principalmente porque, entre os presentes, havia vários produtores culturais e coordenadores de projetos que desconheciam esse Programa. 4 Pampa e Cultura: de Fierro a Netto. CHIAPPINI, Ligia, MARTINS, Maria Helena, PESAVENTO, Sandra Jatahy (orgs). Porto Alegre, UFRGS Editora/ IEL/ CELPCYRO/ LAI-FU.Berlin, 2004. |